Champagne em guerra
- Details
- Categoria: a história do vinho
Há mais de 100 anos, em 1914, começava a 1ª Guerra Mundial, um dos momentos mais mortais da nossa história. E um dos momentos mais arriscados para Champagne.
Apesar da devastação por toda a Europa, nenhuma outra região vinícola sofreu tantos estragos durante a guerra, como Champagne.
No primeiro mês da guerra, o exército alemão ocupou Reims e Epernay, comunas francesas da região de Champagne. E logo de cara, antes de lutarem qualquer batalha, os soldados pilharam as adegas das duas cidades. Milhares de garrafas vazias podiam ser vistas nas estradas, jogadas e quebradas. Além disso, havia também dezenas de caminhões abandonados, com seus pneus furados pelos cacos de vidro.
Durante anos, alguns dos combates mais terríveis da guerra cruzavam as suas vinhas, deixando o calcário da região vermelho de sangue. Quase todos os edifícios de Reims foram destruídos, incluindo a magnífica catedral gótica, onde reis e rainhas franceses haviam sido coroados.
Os cidadãos civis, cerca de 20 mil pessoas, viveram praticamente 4 anos confinados no subterrâneo, na extensa rede de túneis e cavernas que anteriormente eram utilizados para armazenar seus estoques de Champagne.
Enquanto isso, na superfície, a guerra continuava. Na cidade e nos vinhedos em volta. Homens morriam nas trincheiras cavadas em vinhedos de Champagne.
Finalmente, em 1918, os alemães se retiraram da região, e o exército francês avançou. Mas mais uma vez, soldados recém-chegados, dessa vez franceses, serviram-se à vontade dos estoques ainda remanescentes de vinho, sob o olhar impotente dos produtores.
Ao final do conflito, a região estava em ruínas. Mais da metade da população havia morrido. Mais de 40% das vinhas também. E, onde elas ainda existiam, estavam contaminadas por gás.
O custo da reconstrução e do replantio prometia ser astronômico, justamente quando havia tão pouco dinheiro disponível.
O que se viu, a seguir, foram anos muito difíceis. Os produtores de Champagne viveram um verdadeiro colapso do mercado na década de 1920 e início da de 1930.
Felizmente, essa é uma história com final feliz. Champagne hoje é uma região reconstruída, e uma grande produtora do vinho espumante mais célebre de todos. E isso merece um brinde. Com Champagne.
E se quiser ler mais sobre Champagne, clique aqui.
Seguir @tintosetantos Tweetar